terça-feira, 26 de junho de 2012

Um poema enjoadinho...

Um poema enjoadinho...

Ajeita-se o poeta em seu trono de vidro
Sem flerte, toma a pena a punho
E, num lance, escreve seu rascunho
Sobe o olhar e aprecia como Fedro

Tem o sorriso na boca e nariz erguido
"Ah!", exclama, e do rascunho faz o final
"Tão belos são meus cantos e primordial
se faz meu verso, que preciso mais no mundo?"

Tolos o rodeiam
Todos a babar

A arte bruta e sem cuidade se assemelha à voz gutural
As vezes bela, sempre ruidosa,
Dilacera, aos poucos, a corda vocal
E o poema se degenera em prosa

O poeta não tem espelho em sua casa
Tivesse, veria o desgaste de sua fronte
O frio que torna seu verso trote
A roupa velha de palhaço que veste

Se um dia passar teu delírio
E acaso ver sua face sobre o rio
Por si não caindo de amor
Despertar-se-a infinita dor

Um comentário:

  1. mesóclise yeah. Curti bastante. É muito difícil manter com acuidade a métrica; fê-la muito bem.

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