quinta-feira, 23 de junho de 2011

A Panqueca como Metáfora Metafísica

Olá, sres e sras! Volto depois de tanto tempo! Sim, agora é hora de tirar a poeira de nossos pufes celestiais e chamar novamente as pessoas para o nosso simpósio extra-temporal.
E nada melhor para iniciar, desta vez espero que de verdade, as pautas do cafofo, do que a questão do inicio e o fim (?) do mundo.
Pois bem, cabe lembrarmos que, teologicamente, todo ser, seja ele orgânico, inorgânico ou abstrato(como Pokemon, Justin Bieber ou o Silvio Santos), tem sua origem, em última instância, mesmo que proveniente de uma cadeia de eventos, em Deus (que será abreviado como D daqui em diante a fim de economizar letras).
Pois bem, D não é físico, não tem matéria, é espírito, abstrato, purpurina, no entanto, Sua obra, é material, carne, animada por espírito. Logo, a fim de D criar o universo e seus seres, ele materializa seu espírito na porção física do mundo, e forma as almas dos seres através de porções de Sua existência espiritual. Até agora os leitores devem estar se perguntando onde entra a panqueca nesta divagação inútil, mas peço que se acalmem, pois a explicação segue agora.
Como tudo, matéria e espírito, provém de D, tudo contém em si a sabedoria de D na criação. Explico: apesar de D ter dado forma à matéria e caráter ao espírito, Sua essência é perfeita e portanto persiste, de modo que em cada ser persiste a sabedoria de D, secreta, profunda e oculta. Esta sabedoria, no entanto, força-se na existência pelos detalhes, as aparições mais obscuras na mente de cada ser, tomando forma nos detalhes, aparentemente desimportantes, do mundo.
Assim surge a panqueca no mundo: é a grande metáfora reminiscente da sabedoria de D da criação do mundo na alma do homem. De fato, não somente a panqueca, esse é somente o paradigma ocidental, diversos povos já criaram seu modelo de massa quente feita em chapa com recheio pelos tempos afim: burritos, wraps, enfim, estou certo que leitor, mais aprofundado nas artes culinárias universais, se lembrará de outros mais. A universalidade do modelo panqueca na consciência humana nos dá sinais da sabedoria de D nestes pratos.
A análise aprofundada do modelo da panqueca, vislumbrando seu início, meio e fim, pode nos revelar as origens e o destino do universo pela sabedoria divina.
O início do mundo se dá então pelo encontro da matéria líquida formada a partir do espírito d'Ele, num liquidificador galático criado evidentemente para tal propósito (alguns pensadores se questionam se a via láctea teria este propósito), com a quente chapa sob a terra, que chamamos costumeiramente de inferno. A partir deste momento, formam-se as formas sólidas, de pedra, em nosso planeta. Note que a forma aparentemente arredondada de nosso planeta não passa de uma ilusão causada pelo movimento contínuo da panqueca pela frigideira de panquecas, que desorienta nosso movimento, nos levando a pensar que estamos indo reto quando estamos girando. A grande virada se da então, quando D vira o lado mais cru, então para cima, para baixo, trazendo as formas endurecidas para cima e permitindo a colocação do Recheio do Mundo.
Aí começa a história da vida e da humanidade, seu desenvolver e frutificar, as chuvas (afinal, D não gosta de suas panquecas secas), este modelo até explica o aquecimento global, pois estamos sob uma grande frigideira, não é mesmo? (antes que perguntem, o dia e a noite são uma superstição de D, afinal de conta todo cozinheiro tem seu segredo ;D)
Mas aí vem a parte trágica: o fim, que possivelmente se aproxima, a Grande Dobrada, quando D finalmente vai consolidar a panqueca. Autores debatem quanto à real natureza da Grande Dobrada: os franceses, como Descartes e, mais recentemente, Sartre, defendem o modelo da dupla dobrada medial, como um crepe, sendo esta teoria mais aceita por estes autores terem mais experiência na argumentação metafísica e na gastronomia. Enquanto isso, mexicanos e brasileiros defendem o modelo de enrolamento, pois D não seria metido como os franceses.
Embora pouco acreditados, os autores japoneses ainda defendem a teoria do temaki, mas por discordarem em muitos aspectos com os demais, usarem uma linguagem pouco compreendida e não saberem cantar pagode, não vamos nos alongar nesta teoria aqui.
Bom, a conclusão é esta: o mundo será dobrado (ou enrolado, que seja) e nós seremos comidos. Após a descoberta de outros planetas, cogita-se a possibilidade de D ser na realidade dono de uma creperia.

Xô Satanás