segunda-feira, 3 de março de 2014

Olhar

Quero olhar
Quero o olhar
Não o olhar pra fora
Que vê rostos
Que vê coisas
Que vê respostas
Que vê perguntas

O olhar
Que quero
Olha
O olhar,
Toma seu brilho
Contempla
Sorri
Se fecha

Pisca!
Que coisa
Que vê?

Vê o que foi visto
Vista o que já viu
Mas, sobretudo,
Vê o avesso.

Se o sol,
Que tudo vê
Não ofuscado fosse
Versaria:
Vê-te a ti mesmo

domingo, 2 de março de 2014

Reunidos em Estolcomo, Cientistas Revelam Descoberta do Século

Cientistas e repórteres do mundo todo se reuniram esta tarde na cidade de Estolcomo, sede do prêmio Nóbel, para anúncio de descoberta que promete abalar a humanidade como conhecemos. O grupo responsável pela descoberta faz parte de um consórcio internacional entre Japão, Rússia, EUA e Reino Unido.

Após horas de apreensão entre os participantes da platéia, finalmente o segredo foi desvelado: o grupo clama ter descoberto uma cura eficaz para o amor.

Após um estudo envolvendo 9832 adolescentes e adultos jovens, população em maior risco da patologia, o grupo mostrou que o fármaco patoleptina, que atende pelo nome comercial de Cynica®, foi capaz de abrandar ou mesmo extinguir os sintomas do amor quando comparado ao grupo que recebeu placebo. "O achado foi um grande avanço no tratamento desta doença. Até então várias drogas com efeitos em modelos animais haviam sido testadas em humanos sem sucesso, a patoleptina foi a primeira droga a mostrar efeitos em seres humanos." afirma o Dr. Homero Zaccuri do Departamento de Psiquiatria da Universidade Federal de São Paulo.

Uma vez considerado como virtude durante a antiguidade greco-romana e caminho da salvação por filósofos e artistas do século XIX, o amor começou a ser percebido como uma patologia em meados do século XXI. "No incio deste século começamos a perceber que uma síndrome clínica que era composta de pensamentos recorrentes, impulsividade, sintomas autonômicos, dependência afetiva e grande prejuízo na vida funcional não podia ser nada senão uma patologia, e, como tal, deveria ser tratada." defendeu Miamoto Sokahari, líder do grupo de pesquisas responsável pelo achado.


A grande prevalência desta doença na faixa etária dos 20 aos 35 anos, responsável por mais de 30% das vagas do mercado de trabalho, leva a grande prejuízo à economia mundial. Um estudo da universidade Harvard estimou que 5,4 bilhões de dólares são perdidos anualmente devido a agravos na produtividade causados pelo amor.


Até então a única opção para tratamento do amor disponível a nível populacional era a psicoterapia clínica cognitivo comportamental, com uma melhora modesta no quadro clínico. O já mencionado estudo da universidade de Harvard estimou que, nos EUA, 900 milhões são gastos anualmente com o tratamento clínico.


Como seria de se esperar, a descoberta não se eximiu de críticas, sendo recebida com protestos no mundo todo. A União Internacional pelo Direito de Amar (IURL, sigla em inglês) soltou nota de repúdio à nova droga afirmando que "O amor é um direito de todos e não deve ser tratado como uma doença. [...] podemos apenas concluir que a indústria não cessa de destilar venenos.".

Em resposta ao criticismo, o grupo responsável pela descoberta comentou que "Lamentamos muito que hajam setores da sociedade que se movam contra o progresso científico. O que divulgamos não é nada senão o resultado de anos de pesquisa honesta e controlada para que fosse livre de interesses comerciais. Queremos apenas ser capazes de beneficiar a sociedade com o tratamento de uma doença sabidamente danosa.". A empresa Letty Pharma, dona da patente do Cynica®, não teceu comentários.

Cynica® aguarda aprovação do FDA para ser comercializado nos EUA e estudos similares estão sendo conduzidos para autorizar sua comercialização na Europa.


"Nossos resultados são muito empolgantes, mas não eximem a comunidade científica da necessidade de novos estudos. Precisamos ainda mostrar a eficácia da patoleptina em outras faixas etárias, assim como seu potencial preventivo. O avanço do conhecimento deve permitir que políticas de estado sejam tomadas para o tratamento farmacológico do amor." Conclui Sokahari.


Por Ítalo Aventurato


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Xô Satanás

P.S.: Não custa dizer, aos incautos, que está é uma notícia fictícia, embora haja muita verdade nela.