Volto no
dia de hoje com uma tremenda disposição ao sarcasmo. Talvez os passarinhos
tenham me cantado funk carioca enquanto dormia ou quem sabe o Marquês de Sade
tenha se esgueirado em meu sono para uma palestra, a razão, tão logo está num
imperscrutável passado, pouco importa e é inacessível. Então, se vc se sentir
ofendido por esse texto, peço desculpas, mas pode ser pra vc mesmo.
O tema a
ser tratado remonta aos tempos longínquos da história humana, quando o ser
humano ainda vivia em estado de natureza, entre os animais, vivendo dos frutos
da natureza que Deus colocou a seu dispor. Rousseau mesmo diria que, junto ao
primeiro cercadinho que marcou o início da sociedade, o bendito mal caráter que
fodeu tudo também espalhou pra galera que seu melhor amigo tinha pinto pequeno.
Mas, como
todos nós sabemos, depois de Marx ter pego sua peixeira filosófica e castrado
todos os idealistas que o precederam, estabeleceu-se o paradigma de que a
fofoca, tal como todos os demais produtos, teve grande ascenso durante o
processo de formação da sociedade moderna, por meio do manejo do excesso de
produção e hierarquização da sociedade. Dir-se-a, ainda por cima, que surge junto
ao excesso de produção, uma vez que é o excesso de produção de informação, uma
informação inútil e degradante. Uma outra vertente ainda dirá que é a
hierarquização da sociedade e a necessidade de diferenciação ideológica que
levará aos membros mais sujos da classe dominante a espalhar que a classe
dominada tem um pinto hereditariamente pequeno.
Esses dois
paradigmas, o excesso de produção e o mal-caratismo ideológico, persistem em
nosso campo teórico e gostaria, primeiro, de explicitar suas consequências microfísicas
na dinâmica dos grupos, em particular no tocante à primeira teoria.
Grupos das
mais diversas naturezas se formam todos os dias, se expandem, dissipam,
reorganizam-se de uma maneira dinâmica e modulante. Esse é o nosso paradigma
rizomático e fractal que impera em nossa sociedade, o espelhamento contínuo do
microcosmo ao macrocosmo e vice-versa.
Dessa forma
vemos como a especialização da produção material e ideológica se reflete no
microcosmo dos grupos conforme estes crescem, e determinados nichos se atribuem
a função de produzir informação incerta. E como a capacidade de comunicação e
disseminação da informação num grupo grande é limitada e menor do que a duração
do frescor da informação (fofoca não é tostines, né, gente?), acaba que uma
informação incerta se restringe a determinado grupo de pessoas. Este grupo,
pela incerteza da afirmação e pela incerteza acerca da incerteza da afirmação,
acaba por assumir verdades pouco esclarecidas que, por não atingir todo o
grupo, assim permanecem.
Desta
forma, quando interpretamos mal que determinado integrande de um grupo é pirado
e espalhamos a informação, frequentemente o dito pirado não pode prestar esclarecimentos
a ninguém.
A grande
falha desse raciocínio é que hoje a capacidade de cominicação tende ao
infinito, sobretudo entre grupos de classe média-alta, a exemplo das afamadas
redes sociais (o que nos leva à questão moral da comunicação no fbchat, mas
isso é papo pra outro dia). Desta forma, a informação poderia ser passada mais
rapidamente e esclarecida. Nada seria mais prático do que exclamar em sua timeline
ou Wall com todas as forças de
seus pulmões virtuais “Fulano tem pinto pequeno! Eu vi!”. Fulano poderia
rapidamente responder: “Mentira! Vc estava de costas!”. E o/a difamador(a)
ficaria rapidamente envergonhado/a de sua já perdida sensibilidade anal. O que
nos remete a nossa segunda teoria.
O postulado
geral da segunda teoria é o de que existe gente mal caráter e estas criam as
fofocas. Algo em nossa experiência nos leva a crer na realidade desse
postulado, no entanto devemos nos ater a um exame mais completo da questão. Ou
não, por que seria só retórica e ta cheio de gente mal caráter por aí. Podemos assim
poupar o leitor de uma longa arguição cuja conclusão remete ao formato da
frigideira de Deus e seus cantos onde se acumula fuligem (local onde se formam
os mal-caráter).
E no final
das contas Rousseau estava certo...
Xô Satanás
EPIC
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